terça-feira, 21 de dezembro de 2010

muito azul em 2011!

Até aqui foram as primeiras histórias desse primeiro ano como roteirista.

2011 será realmente uma grande aventura, novos projetos surgindo, novas possibilidades de ação e estarei outra vez nestas páginas repartindo um pouco de minhas experimentações.

O que já posso adiantar é, em janeiro, a estréia de AZUL AZUL. Logo logo conto um pouco mais sobre o que é e quem é este azul.

Abraço grande a todos e Feliz Ano Novo!

Deixo aqui uma letra bem bacana da grande Marina Lima.

Guardar...

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la,
Em cofre não se guarda nada,
Em cofre, perde-se a coisa à vista,
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la.
Isto é: iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Estar acordado por ela,
Estar por ela,
Ou ser por ela...

Eu tive medo de fechar a porta
E perder algum detalhe
Eu tive medo de ir embora
E deixar você só
Andar por outros mundos, outros assuntos, pra outro lugar
E usar...

Só os meus olhos pra dizer
E digo tudo.
Só com meus olhos, sem querer
Seu nome...

O céu deve ser assim
O céu deve isso a mim

Se eu tivesse palavras eu faria um quadro
Se eu tivesse a tela pintaria um filme
"Dias fortes como aço" começam "e o vento levou"
E deixou...

Só os meus olhos pra dizer
Só com meus olhos, sem querer
Seu nome...

O céu deve ser assim
O céu deve isso a mim...

(música: Deve Ser Assim / Marina Lima e Alvin L.)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

arte e esperança

http://www.youtube.com/watch?v=cJO22cegxBs

Sempre que me pego de alguma forma rodeado de pensamentos confusos sobre a vida artística, toda vez que me aflijo com as dificuldades dessa área tão complexa, assisto ao filme TOOTSIE. É um verdadeiro remédio, um bálsamo para encorajar qualquer novo artista.

Sem dizer que se trata de uma obra-prima do cinema americano.

Deixo aqui um pouco dessa minha esperança a todos os amigos (atores, diretores, produtores, escritores) que de alguma forma ganham a vida nas artes.

(na foto Dustin Hoffman e Jessica Lange na apaixonada cena final // no link a música tema, de Stephen Bishop "It Might Be You")

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

a cidade

Fiquei alguns meses trabalhando entre quatro paredes das 9h30 às 18h30, às vezes mais, às vezes menos, aos sábados, nos domingos. Fiquei por um bom tempo afastado das minhas fontes de energia criativa. Não pude participar do dia a dia acelerado da cidade, não pude ser testemunha ocular da última mudança da estação...

Dia desses voltei a caminhar pelas ruas movimentadas de São Paulo, senti o sol forte no rosto, desviei dos mais agitados. Nesse mesmo começo de noite retornei ao botequim de sempre e fui recebido de braços abertos pelos antigos amigos. Como sempre digo, botequim é um verdadeiro oásis para a inspiração e dessa vez não foi diferente. Numa das mesas a menina revelava às amigas, perplexas, que trairia sem constrangimentos o namorado; mais adiante um casal na casa dos 50 comemorava algo que juro, não consegui identificar o quê; no final do balcão, meio cabisbaixo, um cliente de longa data solitário; sozinho eu também estava, contudo, por mais que tentemos nos manter invisíveis aos olhos de outrem, os olhos da cidade parecem sempre encontrar um feixe de luz para refletir sobre nós. A cidade é um campo minado de possibilidades e isso é o que mais me enfeitiça na metrópole em que vivo.

Escrevendo este post me recorreu um exemplo notório de como a cidade pode ser um excelente tema para um roteiro cinematográfico.

No meu mais recente trabalho como produtor de eventos fiz questão de inserir este filme na programação. O festival aconteceria numa pequenina cidade do interior, tive medo da reação do público, mas para minha surpresa foi o mais aplaudido. Estou me referindo ao ótimo O SIGNO DA CIDADE, com direção de Carlos Alberto Riccelli e um belo roteiro criado pela não menos bela e inspirada Bruna Lombardi. O filme já tem pelo menos 2 anos de estrada e é realmente um dos meus preferidos dentro do chamado “novo cinema nacional”. Um roteiro consistente, a história que te pega a fundo, núcleos bem definidos, situações, pontos de virada, espaço para o riso, o choro, a reflexão e principalmente para a emoção, que a meu ver, quanto sentimento, é o mais sutil dos alvos que uma obra deve tocar.

marinheiro de primeira viagem

Continuando a amalucada incursão nesse novo universo da direção, aconteceu esta semana a segunda etapa do vídeo empresarial, o qual é meu debute na função.

Dois dias de filmagens, 5 da manhã em pé, escuridão na rua e eu topando a brincadeira. Chegamos à fábrica por volta das oito; aproximadamente 300 funcionários; 20 mil metros quadrados. O objetivo era captar imagens daquela gigantesca indústria de material pesado. Confesso que meu primeiro “ação” saiu meio tímido, mas eu estava lá pra isso.

Ângulos, diagonais, luz, movimentos de câmera, caraca, teve um instante que pensei: tô fazendo o quê aqui? Porém meu lema é, “trabalho aceito, trabalho cumprido” e “nunca se acovardar diante à tempestade”.

Tive sorte na equipe que me acompanhou, amigos que me deram toda a liberdade, me deram toques, me ensinaram, formamos realmente uma boa equipe. Descobri então que a direção de cena e atores será um prato cheio para minha imaginação de roteirista.

Falando em roteiro, nesse trabalho pude constatar mais uma vez como um bom roteiro é a base para qualquer projeto ser realizado com êxito. Não tínhamos um bom roteiro, tínhamos minha experiência como autor de vídeos institucionais e o amplo conhecimento do pessoal que me acompanhava. Conseguimos improvisar e criar, ali mesmo na hora, um plano de filmagem que se tornou o roteiro de edição.

Ah, ia me esquecendo. Já nesse primeiro encontro com a direção, além de uma platéia palpiteira que nos vigiou durante todo o tempo, tivemos que exercer “poder” em cima de um famoso jornalista, nosso astro principal... hehehe. Teve de tudo nessa embarcação.

Agora, sendo “sintético”, pra resumir o assunto, roteiro não é apenas um rabisco não, ele economiza tempo, faz a equipe se organizar, prevê o que dará ou não certo, é a partir dele que nasce um trabalho de qualidade. Nesse nosso caso em especial, conseguimos criar um interessante resultado final. Valeu!

Ps.: nas inúmeras situações da vida, em algum momento seremos marinheiro de primeira viagem. O importante é não desistir e crer em si mesmo.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

apertem os cintos... o piloto sumiu!

Continuo com as histórias malucas que se misturam aos meus aprendizados dentro dessa minha nova carreira, “cinema e tv”. Trago notícias dos últimos dias.

Enfim recebi a proposta de começar a atuar na direção de vídeos. Depois do frio na barriga inicial, pensei: “opa, e porque não!?”. Verdade é que entendi que tenho um padrinho profissional e queira ou não isto é muito importante, não só nas áreas ligadas à produção audiovisual, em todas, por isso não posso recuar das possibilidades que surgem.

Pra começar li sobre técnicas, assisti a vídeos referências e mesmo assim o gelo na espinha não passou. Aceitei a proposta e no dia seguinte já existia a primeira missão.

Claro que estamos falando de vídeos institucionais e empresariais, ótimos conteúdos para começarmos a aprender o que é direção. Para minha surpresa as primeiras cenas seriam aéreas, urgh!

Sete da manhã, equipe pronta no campo de decolagem e ao nosso redor dezenas de aeronaves de todos os tipos, formatos, estruturas, algumas parecendo colossos, outras... melhor nem falar. O tempo esfumaçado nos causou certa apreensão. No dia anterior o céu de São Paulo fazia jus a qualquer brigadeiro, mas esse São Pedro resolveu comer antes da hora.

Com neblina ou não teríamos que voar, o cliente estava junto e já tinha escolhido o helicóptero, pra nossa surpresa era aquele vermelhinho de canto, meio lata de sardinha, duas portas abertas e o cass*t*.

Evoquei Xangô e fomos nós pra aventura.

Verdade é que o céu abriu, a luz ficou interessante apesar da névoa no horizonte das 11 da manhã. Voamos até Guarulhos, nosso primeiro destino, fizemos as tomadas da empresa, 500 pés era o máximo que podíamos chegar devido à proximidade com o aeroporto. Depois de vários giros de 360 graus rumamos ao segundo destino: Lapa.

Pendurado nas alturas com o vento engolindo meu cérebro consegui ver lá de cima, nua e crua, a cidade que hoje guarda meus sonhos e meus segredos.

Se a direção foi boa? Conto mais tarde...

sábado, 9 de outubro de 2010

a seguir...

Após alguns episódios da série Bipolar já terem sido exibidos me considero enfim um roteirista, isto é, meu debute finalmente aconteceu.

A pulga que agora montou acampamento atrás da minha orelha veio para especular sobre o rumo de minha carreira. Projetos que começam a se vislumbrar, novas propostas, novas temporadas, enfim, tudo começando a acontecer em doses pequenas. Com sinceridade, estou preparado para isso e sabia que nada ocorreria de um dia para outro. É necessário continuar trabalhando e muito. Pelo menos uma coisa é real, uma certeza que jamais tive nos meus 34 anos de vida: o quê realmente quero fazer quando crescer? Hoje eu sei, e é mesmo escrever, criar, inventar e talvez dirigir. Tenho aspiração de me desenvolver numa área ainda pouco explorada no Brasil, as séries. Elas são meu alvo, rápidas, diretas e na medida certa (30 minutos), pois nos dias de hoje tempo é uma coisa que não encontramos dando sopa em qualquer esquina e perdê-lo na frente da tv é fato cada vez mais raro.

Creio já ter dito aqui que meu interesse em escrever veio mesmo das novelas, principalmente aquelas da segunda metade dos anos 80 e anos 90. Hoje em dia, em minha opinião, as novelas perderam o encanto, não sei se por conta da corrida pela audiência ou coisa do gênero. O que noto são capítulos que duram mais de 70 minutos, um vai e vem da história que, me desculpem os autores, servem a mim como bálsamo para uma soneca.

No entanto após 22 anos resgataram a novela Vale Tudo que voltou a ser exibida num canal a cabo. Eu, como “noveleiro em recesso”, resolvi dar uma olhada e o que aconteceu? Fui fisgado logo de cara! Mais de 20 anos se passaram e os carros, o figurino, os lugares, os 150 mil Cruzados, tudo nos remete a uma época nostálgica, isso sem falar no show cenográfico. Projac naquela época devia ser apenas um projeto no papel.

Bom, voltando ao que interessa, roteiros, foi fácil entender porque gostava das novelas de antigamente e não mais me atento às atuais. Vale Tudo te pega pelo pé, pelo cérebro, pela vontade de ficar na frente da tv. É nítido um jogo de câmera mais elaborado, detalhes que hoje são ofuscados pela qualidade de imagem e cenografia impecáveis. A história vem sendo tecida de forma consistente, com personagens complexos (cada um com seu mundo particular), situações impagáveis, um clímax construído a cada episódio. Em cinco capítulos a filha já roubou a mãe, a mãe já se lascou na cidade grande, a cachaceira mostrou a que veio, os trambiqueiros já cometeram seus planos e o tema principal “vale tudo para se dar bem” já foi mais que implantado dentro de nossa retina saudosa por produções e intrigas que voltem a arrepiar e a despertar na gente a vontade de saber o que vai acontecer no, a seguir cenas do próximo capítulo.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

a hora H

Baum, meus amigos... os que me acompanham, os que aparecem de vez em quando. Falta pouco pra estreia, 3 dias se não me falha a memória.
Tô seguindo aqueles velhos trâmites, coletiva, festinha, papo aqui, ali, mas o principal objetivo alcançado para mim, com o lançamento de Bipolar, é ver a possibilidade de todos os outros projetos saírem da gaveta se tornando real. Tenho hoje em dia uma equipe disposta a trabalhar, vestir a camisa, seguir em frente, sem amarras de diretores, de produtoras (empresa) caducas, ou gente que não está a fim de arriscar. Sei que não é fácil, sei de todos os buracos, mas talvez o que me diferencia do resto é minha vontade de seguir com meus propósitos, os tê-los, acreditar neles e ter meia dúzia de parceiros prontos a se aventurar junto comigo. A esses meu abraço quente e especial.
Vamos nessa, horários e datas da série no post abaixo.
depois conto mais...

[ah, aí na foto sou eu, ou pelo menos o "eu roteirista" que agora (os de fora) passarão a enxergar]

sábado, 7 de agosto de 2010

a estreia

Chegando o momento do resultado ser conferido na TV.
Um verdadeiro coquetel de sensações, emoções, pensamentos sobre se ficou legal, se o pessoal vai curtir, se haverá continuidade, enfim... como em toda e qualquer profissão, o ser roteirista também busca entendimento, reconhecimento e saber se atingiu o objetivo desejado.

Como aperitivo segue o site oficial da série com abertura e alguns lances legais.

A partir de 02 de setembro no Canal Brasil.
Quintas: 00h (quinta para sexta).
Sábados: 01h (madrugada de sexta para sábado).
Domingos: 20h30.

Deixo meu agradecimento e abraço ao pessoal que passa por aqui!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

musas...

Hoje vou falar de uma coisa simples, mágica e indispensável para a maioria daqueles que um dia se descobrem autores, roteiristas e afins. Ídolos, musas e inspiradores.

Vou destacar outra vez Woody Allen, quem admiro, frequento (claro, assistindo seus filmes), mas que em nenhum momento plagio, imito ou tento ser parecido. Muito por que nossas obras são completamente diferentes.

Baum, voltando a Woody, ele é o típico exemplo de apaixonado por suas musas. São dezenas delas, Diane Keaton (minha preferida), Dianne Wiest (a eterna Lucy, mãe dos garotos perdidos), Mia Farrow (segundo ele atriz de grande versatilidade) e ultimamente Scarlett Johanson (belíssima).

É realmente empolgante focar um personagem numa talentosa atriz na qual além de depositar suas moedas, você sabe que dará conta do recado, às vezes fica até mais fácil escrever, muito por conhecer o potencial de sua musa.

Mas não são apenas atrizes que em um autor despertam este anseio em destinar personagens.

Quando num dia de gravação, eu que tenho alguns três, quatro roteiros de longas-metragens engavetados (e agora finalmente saindo pra passear), me deparei com um ator, ainda desconhecido para mim, mas que de imediato me chamou a atenção pelo porte, postura e simpatia. Dentro desses roteiros que falei, andei criando personagens masculinos, na casa dos 40, mas que em nenhum momento, supondo inconscientemente quem os interpretaria, aceitei minhas próprias sugestões, nunca um ator coube na dimensão que imaginava para estes personagens. Finalmente, naquele dia de gravação, encontrei meu “alterego”. Nossa primeira parceria acontecerá muito em breve.

Entretanto existem aqueles ídolos, musas, expoentes que povoam nossas memórias desde muito cedo e que mesmo hoje em dia, passado anos e anos, quando os vemos no ar, na revista, no sonho, aquela fisionomia atraente em instantes nos remete a lembranças inesquecíveis, de tempos do passado, das músicas, enfim, confortantes recordações. Não sou muito de ídolos, mas a mocinha do desenhinho aí de cima, ainda é minha única.

Quando me tornei um autor, ela foi à primeira pessoa que pensei em procurar. Óbvio que troquei os pés pelas mãos, fiquei sem fala e tudo mais, não tinha realmente nada a oferecer. Mesmo assim ela foi extremamente educada, cordial e isso me fez admirá-la cada vez mais. E é claro, seguindo os passos do mestre Woody, num futuro não muito distante, hei de ter o grande prazer em dividir um trabalho com ela. Sonhar, não custa nada. Beijo a todos.

(no desenho, uma singela homenagem à malu)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

hora da papelada...

Caríssimos amigos,

Hoje vou ser curto e grosso, muito porque quando se vai falar de burocracia dá aquela “preguicite”. Entretanto no mundo dos negócios não se pode ter preguiça não, meu irmão.

Cinema, tv, publicidade, tudo é um grande negócio, uma verdadeira rede de contatos, uma panela fechada bastante difícil de se conseguir penetrar.

Pra viver em paz com os futuros parceiros, enquanto não se pode ser onipotente (acredito que nesse ramo nunca se consegue ser, pelo menos no Brasil e chato seria se conseguíssemos), voltando, pra não se dar mal ou queimar o filme logo no primeiro trabalho, é de profunda importância ler os contratos, as pequenas linhas, letras, entrelinhas e talvez até as informações subliminares.

Para o jovem roteirista é imprescindível conhecer as leis, tanto as de Direitos Autorais quanto as de Direitos Patrimoniais. Só assim o autor poderá estar o par de suas condições, deveres e direitos. Só assim o novo roteirista não vai partir pra pancadaria no primeiro “Não, a ideia inicial foi minha!”

Pense nisso.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A MORTE

Para mim, como autor, vejo a morte da forma mais romanesca possível. Dar vida a um personagem, seguir com ele pelos caminhos iluminados pela dramaturgia é algo de surpreendente. Decidir quem representará o ‘mal’ ou o ‘bem’, quem vai ser o mocinho ou o bandido, a heroína ou a megera, é tudo realmente um delírio. Determinar as características, inventar as situações e principalmente desenvolver toda a rede de intrigas que colocará uns contra os outros é sem dúvida o que mais gosto de fazer quando construo um roteiro ou um romance (lembrando que ainda não publiquei nenhum livro, por enquanto).

No entanto existe algo que supera qualquer criação, a MORTE de um personagem. Matar esse alguém, fuzilar, exterminar, acabar com a vida do vilão ou mesmo de um grande homem é algo que me tira o sono.

Um caso interessante foi quando gravavam um roteiro meu, o bandido, um canalha desgraçado iria morrer e morreu. Ao final da cena, não só o ator, mas várias pessoas da produção vieram pedir para ressuscitá-lo. Eu protestei “Pessoal ele morreu!” Mas pensando bem pode até ser que invente uma maneira de trazê-lo de volta. Não é usual, mas acontece.

Voltando ao ‘matar alguém’, no meu ponto de vista (POV), toda morte tem que ser rodeada por um clima especial, algo de retumbante, até exagerado. Para uma história desembocar na destruição de um personagem é por que ele de alguma forma se destacou, foi diferente, maldito, herói, autêntico, um mártir.

Não estou falando das vítimas de numa trama de serial-killers onde os mortos são inúmeros. Falo daquele personagem insuperável que de tão arrebatador não há outra saída a não ser aniquilá-lo, torná-lo um mito.

Comparando com a realidade, ela também é assim. Nossos mitos e ídolos, nesse grande teatro armado por Deus, sempre são extintos antes mesmo do espetáculo chegar ao fim.

sábado, 29 de maio de 2010

turbinando a realidade

Dia desses um amigo meu contou uma passagem complicada de sua vida. Confesso que conforme ele foi dissertando os fatos comecei a imaginar cenas, falas e tudo mais.

É assim mesmo, tudo que se ouve, tudo que surge à frente vira história. Porém é sempre bom mudar uma coisinha aqui outra ali pra não dar muito na cara.

Exemplo 1:

Um dia o celular tocou, atendi, era minha irmã com voz calma me dizendo que meus pais enfim iriam se separar. Uma ação simples, sem desespero, até mesmo compreensível.

Exemplo 2:

Um dia o celular tocou, atendi, era minha irmã com voz estranha dizendo que meus pais haviam brigado feio, minha mãe quebrara um prato na cabeça dele. Aos gritos eles resolveram se separar.

Conclusão, meus pais se separaram já faz tempo, o telefone realmente tocou, mas os complementos da história ficaram por minha conta. É assim que a realidade funciona quando a tomo como argumento para meus contos, um simples aperitivo.

Dos dois exemplos acima fica a dúvida de qual deles é o verdadeiro. Nenhum, os dois?

Para uma história verídica se tornar tema de livro ou roteiro, no meu ponto de vista, temos que dar aquela ‘turbinada’, aquele realce intrigante para deixar o recheio ainda mais saboroso.

AMOR à OBRA

Ego, raiva, tormenta, impulsos. Um roteirista tem que ter seus sentimentos muito bem organizados. Principalmente nos primeiros trabalhos, quando ainda está construindo seu nome profissional. Eu como estreante estou passando por esse turbilhão.

Existem sutis, porém importantes diferenciações entre cada trabalho. Quando você é contratado por uma produtora donde uma ideia já existe, por mais que crie uma história alucinante em cima de um argumento mínimo, por mais que se desdobre, dê vida a personagens incríveis, parceiro, quem leva a fama é o diretor. Injustiça? Não sei. O negócio é desapegar à obra, mesmo.

Não que eu tenha uma bagagem absurda, muito pelo contrário, mas baseando no que venho aprendendo, outro importante conselho aos roteiristas é pouco frequentar os sets de filmagem. Você vai ver sua história sendo destrinchada, virada do avesso e nada poderá fazer para salvá-la.

Quando se é contratado, o roteirista pouco tem a dizer depois que a obra foi entregue à ‘diretoria’, afinal, a premissa não surgiu da sua imaginação. Por isso, o negócio é desapego à obra.

Entender os percursos, saber se deter no papel de coadjuvante, isso é fundamental pro controle emocional de um novato. No entanto essas condições fizeram nascer em mim a vontade de produzir. Ser contratado, trabalhar em cima de um argumento pré-existente, ok! Não vou me importar com os resultados.

Agora, naqueles roteiros que surgiram de uma ilusão íntima, os quais vi nascer, desenhei cada cena, cada diálogo, cada tudo... Esses não há diretor que vá revirar, retalhar, tomar como seu. Por isso decidi que esses, eu mesmo vou fazer.

Por mais que seja importante trabalhar dentro de si o desapego às obras, em alguns casos o amor a elas vai pedir, vai insistir em ficar.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

personagens parte 2

Continuando o papo sobre personagens, darei voz aos sentimentos que me ocorreram durante as gravações da série. Mas antes quero explicar que “estalo é aquele plim repentino que clareia todos os pensamentos.

Vamos lá então, à série: surgiu a ideia dos três agentes policiais serem comandados por um delegado superior. Após o “estalo” esta pessoa tornou-se uma mulher, bonita, na faixa dos 40, ativa e impiedosa. Talhado o perfil e a identidade dessa figura, simpaticamente batizada de Dra. Rocha, só faltava então dar asas aos acontecimentos.

Dra. Rocha é um exemplo fiel de como um personagem ultrapassa a barreira da ficção e acaba respondendo por seus atos. Principalmente depois que conheci a atriz que a interpreta, a excelente Priscilla Alpha.

Na metade do caminho a Rocha já tinha soprado no meu ouvido o seu futuro. Naquela altura meu poder de discordância era inútil. O destino era dela e ela o conhecia melhor que ninguém.

Essa mistura de sensações dúbias me fez acreditar e ter fé que apesar de ser uma invenção, existe sim algo de sobrenatural em qualquer obra dramática.

Abrindo aspas, não posso cometer injustiças e louvo o trabalho impecável dos atores da série, em especial, Sílvia Lourenço e Sérgio Cavalcante.

(na foto deste texto, apresento-lhes, Dra. Rocha.)

personagens

Não tenho dúvidas! A peça fundamental de qualquer história é o personagem. Ele viverá a ação, sofrerá as consequências, tentará buscar custe o que custar o seu final feliz, mesmo que esse não aconteça. É o personagem quem vai se expressar, morrer, é ele quem vai vingar tudo aquilo que for posto no seu caminho.

Construí-lo numa folha de papel é algo de misterioso, às vezes me sinto psicografando, eles tomam vida própria, não preciso nem pensar. A coisa vem como se eu fosse o pararraio de uma trama já existente em algum lugar invisível. Na imaginação, talvez.

Contudo, agora falando de roteiros, quando um personagem ganha um corpo, um ser humano que se deixará possuir, tudo muda de figura.

Num primeiro instante você acaba achando graça, ver aquele cidadão vestindo a roupa que visualizou, fazendo a cara que pensou, falando aquilo que julgou importante... Segundos mais tarde a realidade desaparece. Quando um ator começa a acrescentar detalhes ou mesmo sua própria visão do personagem, o criador percebe que seu trabalho terminou, já era, ponto final. E isso é muito bom, essa surpresa, essa mistura de visões.

Um bom ator pode despertar no personagem uma dimensão muito melhor que a imaginada. Entretanto o contrário pode acontecer, e um personagem fantástico acaba diminuído pela atuação, mas isso fica para um outro papo.

Para mim o personagem é alguém sem rosto, um ser disfarçado procurando entre prováveis anfitriões, aquele perfeito, o escolhido, o alguém exato para confortar sua alma inquieta.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

CRIA-AÇÃO

A criação é uma coisa muito louca mesmo. Já li e ouvi vários escritores dissertando sobre seus métodos. Woody Allen, Ignácio de Loyola Brandão, todos, principalmente Ignácio, são daqueles que saem por aí prestando atenção no cotidiano, na existência comum, nas pessoas.

A vida real é a maior inspiração. Eu sou como eles, saio por aí, vou andando sem rumo. Meu lugar preferido é o botequim, vou sozinho mesmo. Já me perguntaram por que gosto de ir ‘eu-comigo’ beber uma geladinha. Claro, adoro sair com amigos, companhia, conversar bastante, mas também adoro passear em surdina, fitar, investigar. Entre 18 e 19 horas é meu horário preferido, fico na varanda, observando o vai e vem de figuras. São Paulo é uma grande caixa de argumentos, é só olhar para o lado e pimba, lá está a nova história.

Já escrevi sobre isso, um dia me encomendaram um ‘curtinha’ o qual batizei de CORPO URBANO. Era sobre um rapaz obcecado pelas conversas alheias. Por onde esbarrava afiava os ouvidos e punha-se a escutar o destino dos outros. Porém, o destino dele não saiu bem à sua vontade.

Não importa os métodos de criação, cada autor tem o seu, o importante é nunca fechar os olhos, não deixar passar despercebida uma história maravilhosa que pode estar bem ali, no próximo gole de cerveja.

(na foto, uma homenagem ao Ignácio L. Brandão.)

bipolar

Na última conversa disse que BIPOLAR tratava-se de um projeto cinematográfico. Pode estar pensando, mas não é um programa de tv? Sim, é uma série para tv, mas que foi exclusivamente rodada nos moldes de cinema. Posso dizer que é um ‘filmão’ de 360 minutos que será exibido em episódios de 30.

Nesse papo vou contar um pouco dessa história.

Quando minha presença foi confirmada como roteirista, fiquei um pouco grilado por conta de ser mais uma série policial. Depois de Tropa de Elite fomos metralhados por diversas produções com esse tema. No entanto respirei aliviado quando ficou decidido que o universo policial ficaria como pano de fundo. Iríamos explorar o lado psicológico dos três agentes em foco, Diana, Latrina e Carlão.

Pra mim foi um prato cheio, como disse, fazer um drama é comigo mesmo...huahua (não pude desperdiçar o trocadilho)!

A história gira em torno desses três policiais de caracteres e personalidades perturbadas, envolvidos numa perigosa trama permeada por situações extremas e personagens misteriosos. Pouco a pouco vamos descobrindo que o passado de cada um deles é também um importante condutor de suas ações contraditórias onde os conceitos de céu e inferno, os dois lados da moeda, serão questionados a todo o momento. Daí veio o nome.

Alô!

Um dia toca o telefone, era o diretor Edu Felistoque, premiado por seus documentários e pra qual produtora eu já havia escrito alguns institucionais. Nessa ligação ele me fez a inevitável proposta, “estou a procura de um roteirista pra estrear na minha série de tv, você topas?”

Responsabilidade, preocupação, tempo, ideias... Nada disso passou pela minha cabeça, apenas pensei comigo “essa é a hora”. Minha resposta foi: tô dentro!

Nesta época, outubro de 2009, estava atribulado com os preparativos da 33ª Mostra Internacional de Cinema SP, da qual faço parte da equipe de produção desde 2003 e o único horário livre que tinha, juro, eram as madrugadas.

A data para o início das gravações já estava marcada. O Felistoque, mesmo sem exercer qualquer tipo de pressão sobre mim, precisava de uns primeiros rabiscos. Imaginem só, ele entregando às mãos de um novato os 12 episódios de seu novo projeto “cinematográfico”... Loucura? Não, uma aposta.

Foi nesse cenário que comecei inventar as histórias. A princípio a série levaria o nome de Bipolares, não me agradava muito, sugeri no singular. Sugestão aceita, primeiros rascunhos aprovados, sinal verde pra poder viajar o quanto quisesse e finalmente nasceu BIPOLAR.

A liberdade de criação dada pelo diretor foi importantíssima para não me sentir preso ou impedido de conduzir a história à lugares inusitados. Baseado na ideia original fecundada na mente de Felistoque e fermentada na minha, creio que o resultado foi além das expectativas.

Em ‘páginas’ deixo o trecho inicial do roteiro. Comparações com o resultado final poderão ser feitas após a estreia no Canal Brasil.

Ser ou Não Ser? Um profissional...

Nada de vestibular, nada de formatura. Mas como em qualquer profissão existe um ‘ritual de iniciação’ a todos os escritores de tv ou cinema.

Para um roteiro não criar teia dentro da gaveta é preciso produzi-lo e meu amigo, isso não é tão fácil como parece.

É assim que um roteirista começa sua profissionalização, tendo sua obra filmada e principalmente veiculada em algum meio audiovisual.

Depois disso o pretendente está apto a se associar às instituições e associações de roteiristas brasileiros (ARTV e AC).

Comigo, após muito ralar, finalmente consegui uma chance de mostra serviço e mostrei. Minha estreia acontecerá no segundo semestre deste digníssimo ano de 2010 com a série Bipolar.

Apesar dos roteiros cinematográficos que criei e que aos poucos estão se transformando em projetos, foi na tv que encontrei minha primeira porta aberta.

Não nego que já fui fã de novela, seriados adolescentes e tal e coisa, entretanto as séries estrangeiras passaram a despertar em mim grande interesse. Claro, em 30 minutos e uma historinha contada. Pensei, acho que posso fazer isso e foi o que aconteceu.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

ERA CÓSMICA

No item páginas (aí do lado) deixo os primeiros capítulos do meu livro ERA CÓSMICA (ainda não publicado) e que enfim estou conseguindo corrigir.

Esta história surgiu em 1997, num desses cadernos dos quais já comentei. Nessa época adorava história em quadrinhos e comics de super-heróis, daí veio a inspiração.

Em 2004 decidi que iria escrevê-lo novamente pois julgava se tratar de uma história interessantíssima, no entanto precisava de algo mais implacável, situações e dramas mais intensos, como suicídio, poderes sobrenaturais, traições e amores quase impossíveis. Em meados de 2005 concluí esta saga futurista onde megassexuais, clones e Psaics reinventam e "tropicalizam" o tema ficção-científica. Sem imaginar foi assim que me descobri um provável autor infanto-juvenil.

SOBRE ROTEIROS

Após os primeiros rabiscos e rascunhos, fui presenteado por Lu Lopes, amiga de longa data e produtora de cinema, com aquele famoso livro do Syd Field, a bíblia da construção de roteiros.
Em um dia devorei as cento e poucas páginas, cinco dias depois estávamos nós correndo pelos corredores do aeroporto de Guarulhos levando este, que seria meu primeiro roteiro, às mãos do diretor. Ele procurava por um novato como eu. O roteiro foi passear na Europa, eu não... huahua!
Este projeto infelizmente não vingou de imediato (ainda tenho planos de resgatá-lo), mas foi o suficiente para conseguir um curso e acabei me especializando.
Sem conseguir deter minha imaginação, dois novos roteiros surgiram em menos de seis meses, dois ‘longas’ (tenho preferência por criar longas-metragens e drama. Talvez por isso escrever um seriado de 12 episódios não foi pra mim um Tiamat – essa história com mais tarde).
Um desses ‘longas’ é Uma Valsa Para Charlote.
Posto as primeiras páginas deste roteiro no 'gadget' lateral intitulado páginas.

AINDA eu

Após a faculdade de Comunicação rumei para São Paulo a fim de dar vida útil aos meus sonhos musicais, mas acabei inserido no mundo do cinema e de repente me vejo escrevendo meu primeiro roteiro.
Esse negócio de escrever sempre fez parte da minha vida. Primeiro, lá pelos 11 anos, todos os filmes que assistia pegava um bloquinho e os copilava com letra de mão. Mais tarde continuava os reescrevendo, porém mudando um acontecimento aqui, outro ali. Depois de tempos finalmente escrevi minha primeira ‘historinha’ sem nenhuma interferência televisiva, este pequeno conto se chamava Deuses do Além, huahuahua, que nominho... pra verem que desde o início o realismo fantástico já me perseguia.
Durante a adolescência foram vários os ‘pseudolivros’ escritos em cadernos de escola que guardo até hoje. Muitos argumentos e passagens surgidos nestas pequenas prévias em letra corrida, deram origem a trabalhos que julgo de grande importância na minha trajetória como roteirista e futuramente romancista.
Um exemplo disso são Era Cósmica, Mordida, Eros Satã (que será a próxima aventura).

EU

Sou Júlio, nasci numa pequena cidade do interior de São Paulo chamada Espírito Santo do Pinhal, em Agosto de 1976. Tive uma infância ativa, éramos uma dezena as crianças em minha rua e todas as brincadeiras, todas as peraltices com certeza se tornaram bagagem para esse mundo de ilusão que tomei como profissão.
Durante esta época, por vim de uma família com descendência italiana com uma pitada espanhola, cresci ouvindo mirabolantes contos, fábulas, histórias que às vezes ficava em dúvida se realmente aconteceram ou se eram uma alucinação de meus avós e todos os outros familiares.
Só sei que meu inconsciente guardou a maior parte delas.
Com o passar do tempo acabei vivendo minhas próprias aventuras, sempre rodeado de amigos, sempre nos metendo em situações pra lá de insólitas. Hoje, olhando o passado, também não sei direito o que meu cérebro dramatizou ou como estas ‘loucuras’ realmente aconteceram.

O Início

Caros amigos,

Criei este blog para postar pequenas introduções dos meus trabalhos como roteirista e escritor de romances.

Acredito que desta forma minhas invenções estarão mais perto daqueles que têm curiosidade em conhecer os caminhos usados pela imaginação.

Vou comentar sobre o nascimento das histórias, os personagens, um pouco dos meus sentimentos em ver esse universo criado na solidão de minha casa tomando vida própria, quebrando as correntes e escapando à liberdade.

Primeiro farei um rápido passeio pela minha vida, penso que vale a pena conhecer um pouco do criador para entender suas criaturas.

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Roteirista de tv e cinema. Romancista. Idealizador. Produtor. Talvez um ilusionista...