sábado, 29 de maio de 2010

AMOR à OBRA

Ego, raiva, tormenta, impulsos. Um roteirista tem que ter seus sentimentos muito bem organizados. Principalmente nos primeiros trabalhos, quando ainda está construindo seu nome profissional. Eu como estreante estou passando por esse turbilhão.

Existem sutis, porém importantes diferenciações entre cada trabalho. Quando você é contratado por uma produtora donde uma ideia já existe, por mais que crie uma história alucinante em cima de um argumento mínimo, por mais que se desdobre, dê vida a personagens incríveis, parceiro, quem leva a fama é o diretor. Injustiça? Não sei. O negócio é desapegar à obra, mesmo.

Não que eu tenha uma bagagem absurda, muito pelo contrário, mas baseando no que venho aprendendo, outro importante conselho aos roteiristas é pouco frequentar os sets de filmagem. Você vai ver sua história sendo destrinchada, virada do avesso e nada poderá fazer para salvá-la.

Quando se é contratado, o roteirista pouco tem a dizer depois que a obra foi entregue à ‘diretoria’, afinal, a premissa não surgiu da sua imaginação. Por isso, o negócio é desapego à obra.

Entender os percursos, saber se deter no papel de coadjuvante, isso é fundamental pro controle emocional de um novato. No entanto essas condições fizeram nascer em mim a vontade de produzir. Ser contratado, trabalhar em cima de um argumento pré-existente, ok! Não vou me importar com os resultados.

Agora, naqueles roteiros que surgiram de uma ilusão íntima, os quais vi nascer, desenhei cada cena, cada diálogo, cada tudo... Esses não há diretor que vá revirar, retalhar, tomar como seu. Por isso decidi que esses, eu mesmo vou fazer.

Por mais que seja importante trabalhar dentro de si o desapego às obras, em alguns casos o amor a elas vai pedir, vai insistir em ficar.

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Roteirista de tv e cinema. Romancista. Idealizador. Produtor. Talvez um ilusionista...